06 de julho de 2010.
Ouvi o primeiro ruído de cascos pisando na grama, mas continuei deitado de bruços na esteira que havia estendido ao lado da barraca. Senti nitidamente o cheiro acre muito próximo. Virei-me devagar, abri os olhos. O cavalo se erguia interminável à minha frente. Em cima dele havia uma espingarda apontada para mim, e atrás da espingarda um velho com chapéu de palha... Congelei! Não tive reação alguma. Tentei algumas palavras, mas os poucos sons que consegui emitir não eram nem um pouco compreensíveis. Tudo estava girando na minha frente. Aos poucos, a imagem do velho com aquela feição demoníaca foi se embaçando até que meu medo não me deixasse ver mais nada. Meu desespero foi surreal! Eu precisava fazer alguma coisa, mas todo meu corpo simplesmente parou. Quanto mais eu me desesperava, mais eu entrava num estado de inconsciência. Até que... Acabou! Eu não sentia mais, não pensava mais, e já não tinha percepção alguma. Foi a morte! Eu estava morto. Via-me morto sem ao menos ouvir o som da bala ou senti-la queimando meu peito. E assim permaneci até que, num pulo, acordei novamente! Abri os olhos e já era manhã. Olhei para o lado e ali estava o cavalo da noite passada, amarrado numa árvore... Aquilo me tirou do sério. Não havia outra explicação (e nem precisava de outra)! Bob! Um palhaço que se dizia meu amigo, quase me matou de susto na noite passada. Tinha que ser ele! Entrei enfurecido na barraca procurando por Bob, mas não encontrei exatamente o que esperava... Dentro da barraca estava o corpo de Bob ensanguentado, e o mesmo velho da noite passada, com seu mesmo chapéu de palha e sua espingarda apontada para mim.
Dessa vez, eu ouvi o som da bala sendo disparada. Dessa vez eu senti a bala queimando meu peito. Dessa vez eu permaneci consciente até sentir, pela segunda vez, a real morte da noite passada.
1 comentários on "Real Morte"
E eu que pensava ser apenas um sonho.
Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com
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