segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Um romance quase real

pipocado por Fábio Bruno às 11:21:00 PM

Passeando pelas partes pecaminosas de minha mente, na rua molhada de sereno nocturno, com apenas um poste aceso e um banco. Onde ali passou a passos a dor e o sofrimento, de mãos dadas. Estavam indo em direção ao banco no qual encontrou o amor sentado nele. Ao mesmo tempo em que se destroem, arranham, mordem e rasgam pedaços de carne um do outro eles vivem em união. À meia-noite, quando foram embora, esperou-me no banco a sublime morena. Aquele corpo fino e saudável, com delicadas curvas, seguindo as linhas das montanhas distantes e as ondas do mar no horizonte. Quando atravesso a rua de cascalho cheia de passados e subo na calçada surge um abismo entre eu e o banco, tão profundo quanto à distância entre o amor de uma mãe e o ódio de uma prostituta. E fico à beira, à mercê, esperando quem num vento de aurora traga minha bela para minhas concupiscências, com sua epiderme tingida de nuvem. Parece um vaso de porcelana, é tão bonita e sensível à retina que parece que ao tocá-la desmanchar-se-á. É onde sai o chamado, é onde sai o canto da mais bela ave passeriforme e entra o suspiro do desejo. Concomitantemente, a noite quando para é quando passa mais veloz. Sinto o meu calor sendo transmitido a suas emoções e a recíproca é válida. Minha boca balbuciando em seu ouvido, minhas mãos correndo toda sua silhueta, igualmente a um oleiro que define o vaso com as mãos. Já estou tomado por indagações transcendentais lúgubres, que me levam além do mundo que eu não conheço. Mesmo no sereno e no frio da madrugada sinto calor. Seu corpo sob o meu, barriga com barriga, seus seios desenhados, forçando-os contra meu peitoral. Foi quando, estando com meu rosto tão perto do seu que mal consigo falar, olho em seus olhos e vejo o mundo, a realidade, e observo que estou tão perto de ser feliz que essa felicidade nunca vai ser alcançada. O ignóbil de minha alma transmite o sofrimento tão sombrio que a cada batida do coração tenho a sensação de morrer. Abro os olhos e me deparo com esse ínfimo buraco que nos separa, dilacerando meus sonhos. E sempre quando chega a noite, quando consigo ouvir a vibração de meus pêlos arrupiados volto-me para essa rua, que está dentro de mim paralelamente a uma longitude inalcançável. E o objetivo de prazer e adjacentes não passa de... Não passa de um... Não passa.

2 comentários on "Um romance quase real"

Gabriela Leite on 26 de janeiro de 2010 às 10:33 disse...

Não sabia que Fábio Bruno também amava.

Fábio Bruno on 26 de janeiro de 2010 às 18:59 disse...

Nem eu. Na literatura romance é qualuqer texto fictício. Esse texto tem a temática erótica. Erótico faz referêcia a Eros, deus grego do amor.
Existem três tipos de amor, e esse é o amor pela própria pessoa, onde o importante é o prazer próprio.

 

The New Yoki Times Copyright 2009 Reflection Designed by Ipiet Templates Image by Tadpole's Notez | Blogger Templates